Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2018

Russos no rio Anhanduí

Nove dias após deixar o Paraná e iniciar navegação rio Pardo acima, a expedição científica russa, sob o comando do conde de Langsdorff, alcança às 9 horas, de 27 de junho de 1826l a foz do Anhanduí, rio que serviu de rota às bandeiras de Pascoal Moreira Cabral e de outros pioneiros rumo a Cuiabá, no início do século 18. O registro é do diário de Langsdorff: Chegamos à foz do rio Anhanduri-açu, que é tão forte como o rio Pardo, que, a partir daqui, acima da confluência dos dois rios, tem seu volume reduzido à metade. O Anhanduri ou Anhanduri-açu desemboca na margem direita do rio Pardo. Hoje, quando chegamos, vimos, a montante do do rio Pardo, a fumaça dos campos. Depois de tomarmos nossa refeição campestre, prosseguimos viagem e, uma boa hora depois, notamos, a montante do rio, na margem direita, uma grande faixa de terra com a aparência de capoeiras, toda coberta de um tipo de cana (taquara), aqui chamada de tambaiúva, com o qual os índios fazem suas flechas. Não há dúvida de que e...

Taunay em Camapuã

Camapuã visto por Hercules Florence em 1826 Em sua viagem de volta ao Rio, após a retirada da Laguna, o tenente Taunay e sua pequena comitiva, que deixaram o porto Canuto, à margem esquerda do Aquidauana, no dia 17 de junho, alcançam em 25 de junho, o sítio de  Camapuã : Rapidamente transpusemos as três léguas que separam o Sanguesuga das ruínas de Camapuã e ao meio-dia avistamos os restos, para assim dizer, imponentes daquela importante fazenda, sede outrora de muito movimento, de todo os que se davam por aqueles sertões. Ainda se vêem vestígios de grande casa de sobrado e de uma igreja não pequena; taperas rodeadas de matagais, no meio dos quais surgem laranjeiras e árvores frutíferas, que procuram resistir à invasão do mato e ainda ostentam frutos, como que atraindo o homem, cujo auxílio em vão esperam. Naquelas três léguas aparecem sinais de trabalhos consideráveis: estradas de rodagem atiradas por sobre colinas, caminhos roídos pelas águas, onde transitavam grandes pro...

A derrota dos separatistas

Palco da última batalha de Bento Xavier contra a polícia estadual O major Gomes consegue, finalmente derrotar em 23 de junho de 1911, as forças do rebelde Bento Xavier, que incluía a divisão do Estado no programa de sua revolução. Eis a versão do vencedor: A 22, mandei diversas descobertas, pois estávamos nas zonas inimigas, já perto da fronteira e Ponta Porã. Regressando algumas descobertas, me informaram da marcha da força rebelde com direção a Ponta Porã. Apressei-me em dar proteção às forças amigas ali estacionadas, e a 23, pela madrugada, prossegui a marcha e às 7 horas da manhã, passava o Rio Dourados na antiga Colônia desse nome, e aí, enquanto mandei dar água aos cavalos e arrumar a força, tive um pressentimento, próprio da guerra, que os inimigos estavam perto. Em seguida, destaquei dois piquetes de polícia, um ao mando do bravo Tenente Wladislau Lima e outros do Alferes Irineu Mendes, para fazerem a retaguarda e flanqueadores, com ordem de se encontrassem qualquer fo...

Taunay em Campo Grande

Tendo deixado o porto Canuto, no rio Aquidauana, no  último dia 17 , de volta da retirada da Laguna, Taunay chega ao lugar já conhecido como Campo Grande, cujas coordenadas são as mesmas de onde hoje está localizada a vasta planície que começa em lugar que seria habitado a partir de 1872 e em 1977 se transformaria na capital do Mato Grosso do Sul. A descrição do cronista da guerra do Paraguai, começa no sítio de um dos únicos moradores de todas as redondezas, o mineiro Motta, nas imediações de Terenos: Tomando uma trilha à esquerda, dirigimo-nos à palhoça do Motta, situada a légua e quarto do nosso ponto de partida. O caminho é nesta parte péssimo; profundos atoleiros dificultam muito o trânsito, aumentando-se cada vez mais os embaraços da passagem pela frequência de carros e tropas que demandavam as forças. Acha-se o rancho do Motta situado numa planície acidentada, que belos grupos de buritis tornam realmente encantadora. A umidade exsuda de todos os pontos e manifesta-se não ...

Tropa legalista bate separatistas

O major Gomes (foto), comandante de polícia de Bela Vista e das tropas legalistas no Sul do Estado trava sua última batalha com a coluna de Bento Xavier, o revolucionário que defendia a divisão do Estado em 16 de junho de 1911. Este choque ficou conhecido como o combate de Areias. O relatório oficial é do comandante legalista: A 16, pelas duas horas da manhã, prossegui a marcha ao encontro do inimigo e às 9 horas da manhã do mesmo dia descobri-os pela fumaça dos fogões dos rebeldes, acampados na cabeceira das Areias, lugares estes cobertos por espessos cerrados e brejos que lhes dava seguro apoio pelos dois flancos. Em seguida mandei os Alferes Irineu Mendes e Rodrigues Peixoto com dois piquetes em comum, fazer o devido reconhecimento do terreno para entrar em ação, a que já foi feito a vivo fogo. Nos primeiros disparos, mandei toda a força avançar, deixando uma retaguarda muito bem organizada. O choque da nossa força foi tão impetuoso que dentro de 10 minutos estabeleceu-se a con...

Termina a retirada da Laguna

Homenagem do Exército brasileiro aos combatentes de Laguna em Porto Canuto no município de Anastácio Tendo chegado os sobreviventes um dia antes em Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana, desfaz-se oficialmente, em 12 de junho de 1867, a retirada da Laguna, considerada a maior aventura da guerra do Paraguai. O major José Tomás Gonçalves, seu último comandante, baixou ordem do dia, encerrando a campanha, que durou 35 dias: A retirada, soldados, que acabais de efetuar, fez-se em boa ordem, ainda que no meio das circunstâncias as mais difíceis. Sem cavalaria contra o inimigo audaz que a possuía formidável, em campos onde o incêndio da macega, continuamente aceso, ameaçava devorar-nos e vos disputava o ar respirável, extenuados pela fome, dizimados pela cólera que vos roubou em dois dias o vosso comandante, o seu substituto e ambos os vossos guias, todos esses males, todos estes desastres vós os suportastes numa inversão de estações sem exemplo, debaixo de chuvas torren...

A mudança da capital para Corumbá

Notícia publicada em jornal oposicionista de Cuiabá, em 6 de junho de 1889, dá conta de cogitação do governo em mudar a capital de Cuiabá para Corumbá. A pretensão, não desmentida, teria sido do penúltimo presidente da província, Souza Bandeira: Os rumores não prosperaram, até porque o governante foi, em seguida substituído, mas a ideia de mudança, que, mais tarde se juntaria ao separatismo, ganhou força. A princípio a cidade indicada para sediar a capital da província foi Corumbá, já no regime republicano, Aquidauana e Campo Grande dominaram a preferência, sendo, finalmente, a partir de 1930, Campo Grande, com a consolidação do transporte ferroviário, a cidade sulista a disputar o direito de tornar-se a capital do Estado. FONTE : Jornal A Gazeta (Cuiabá), 6 de junho de 1889.

Taunay nos morros do Aquidauana

À frente da coluna brasileira que combateria os paraguaios na fronteira, a comissão de engenheiros abre caminho e espera ordens nos Morros, nas proximidades do rio Aquidauana, onde estão os refugiados de Miranda. De lá, o tenente Taunay, integrante da citada comissão, dá notícias ao seu pai no Rio de Janeiro em 4 de junho de 1866: As contínuas chuvas durante este mês que findou impediram as forças de caminhar para este lado de modo que acabamos de passar ainda mais um mês a esperá-las, depois de ter preparado os meios de transposição do Aquidauana. Três excelentes barcas, que faremos descer até a barranca do rio, ao atravessar formarão uma grande balsa capaz de levar  200 a  300 soldados de cada vez, permitindo a pronta ocupação da margem esquerda onde os paraguaios construíram uma palissada bastante forte, numa posição chamada o porto do Souza. Decidimos, Lago e eu, realizar a passagem num lugar de tal forma favorável que pequeno corpo de tropa poderá cortar as comu...

Coluna chega a Nioaque

Homenagem a Taunay, em Nioaque A força expedicionária brasileira, em  retirada da fazenda Laguna , no norte do Paraguai, chega finalmente a Nioaque, em 3 de junho de 1867. O povoado havia sido abandonado dois dias antes pela defesa brasileira, receosa de um ataque inimigo e ocupada pela cavalaria paraguaia, que durante toda a marcha, vanguardeou os retirantes: Esta bonita povoação, abandonada, ocupada e pela segunda vez, desde o início da guerra, devastada, convertera-se num montão de destroços fumegantes. O grande galpão que outrora nos servira de armazém de mantimentos e ainda achamos de pé, sobre os esteios incendiados, mostrava renques de sacos que nossa gente, sem dúvida, não tivera tempo de carregar e já serviam de pasto ao incêndio. O arroz e a farinha carbonizados, exteriormente; o sal, gênero esse tão escasso e precioso no interior do país, negrejara e fundia sob as nossas vistas. Aqui e acolá jaziam muitos cadáveres, todos de brasileiros. Constatamos que muitos desse...

Coluna chega a Canindé

Após a sofrida travessia do Rio Miranda, completada no dia anterior e que durou três dias, a coluna brasileira que se retira da Laguna, chega a Canindé, a três léguas de Nioaque, em 2 de junho de 1867, conforme relatório do major José Tomas Gonçalves, novo comandante das forças: Esta marcha forçada efetuou-se maravilhosamente, apesar da chuva copiosíssima que caiu durante todo o trajeto, levando então cada corpo os seus doentes. No Canindé achei sinais da passagem dos paraguaios. Carros queimados existiam no caminho, estando o chão coberto de farinha e arroz. A soldadesca comeu, enfim, apanhando tudo que foi encontrando, depois de 22 dias de cruel fome, durante os quais a ração de simples carne era tão diminuta, que repartiam-se  4 a  8 reses em lugar das 21, que habitualmente iam para o corte. FONTE : Taunay,  A retirada da Laguna , 14a. edição, Edições Melhoramentos, SP, 1942, página 182. FOTO:  cena da retirada da Laguna. Meramente ilustrativa.

Travessia do rio Miranda

A coluna brasileira que se retirava da fronteira para Aquidauana, completa, em 1° de junho de 1867,  a árdua travessia do rio Miranda, na fazenda Jardim. Os três dias anteriores foram todos empregados na passagem do rio que, segundo parte do major comandante José Tomás Gonçalves, “conservou-se sempre cheio, dando apenas péssimo e perigoso va u. Com dificuldade passaram as nossas 4 peças e armões, havendo sido queimados os carros manchegos, forja e galera, para dar carne às praças como haviam decidido os comandantes de corpos em reunião...(...) Esforcei-me em trazer as quatro bocas de fogo e consegui-o com grande satisfação. Assim pois, no dia 1º de junho achavam-se as forças do lado direito do rio Miranda, com 9 léguas diante de si em boa estrada para chegarem a Nioac. Os paraguaios haviam efetuado a passagem antes de nós e já se achavam em nossa frente”. FONTE : Taunay,  A retirada da Laguna , 14a. edição, Edições Mehoramentos, São Paulo, 1942, página 182.