Nove dias após deixar o Paraná e iniciar navegação rio Pardo acima, a expedição científica russa, sob o comando do conde de Langsdorff, alcança às 9 horas, de 27 de junho de 1826l a foz do Anhanduí, rio que serviu de rota às bandeiras de Pascoal Moreira Cabral e de outros pioneiros rumo a Cuiabá, no início do século 18. O registro é do diário de Langsdorff:
Chegamos à foz do rio Anhanduri-açu, que é tão forte como o rio Pardo, que, a partir daqui, acima da confluência dos dois rios, tem seu volume reduzido à metade. O Anhanduri ou Anhanduri-açu desemboca na margem direita do rio Pardo. Hoje, quando chegamos, vimos, a montante do do rio Pardo, a fumaça dos campos. Depois de tomarmos nossa refeição campestre, prosseguimos viagem e, uma boa hora depois, notamos, a montante do rio, na margem direita, uma grande faixa de terra com a aparência de capoeiras, toda coberta de um tipo de cana (taquara), aqui chamada de tambaiúva, com o qual os índios fazem suas flechas. Não há dúvida de que esta região era habitada por tribos indígenas; isso consta inclusive de relatos históricos. Quem sabe essa nova espécie de cana seja originária das florestas virgens antigas que havia aqui antes; ela cresceu aqui como em outros lugares, cresceram os Solana, Micania, Compositae e outros.
O rio Pardo tem aqui, com certeza, metade do volume de água que tinha depois da junção com o Anhanduri-açu, que parece ser maior, embora o rio Pardo não tenha perdido muito em largura. Neste ponto, ele é mais navegável, não é tão impetuoso e é menos raso do que mais abaixo. A região vai ficando cada vez mais aberta e livre. A água é mais clara do que abaixo do Anhanduri, que achamos muito turvo.
FONTE: Langsdorrf, Os Diários de Langsdorff, (volume II) Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 1997, página 208.
Comentários
Postar um comentário