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Padre usa mão-de-obra escrava




Denúncia de utilização de mão de obra de índios terenas na construção da paróquia de Miranda, macula o currículo e a imagem de benfeitor do frei Mariano de Bagnaia. A notícia,omitida pelos biógrafos do padre, foi publicada pelo Diário do Rio de Janeiro, de 8 de novembro de 1861, como fato corriqueiro, com a seguinte redação:

De uma correspondência de Miranda de 13 de junho extraímos os seguintes trechos:

No dia 23 do corrente mês e ano tendo sido enviado à aldeia dos índios terenas o soldado Francisco Leandro a entender-se com os respectivos capitães, para aquele trazer alguns índios de ordem do Rvm.diretor padre mestre frei Mariano, a quem estes foram exigidos pelo doutor juiz de direito, para os serviços de edificação da matriz de que se encarregou, voltou o dito soldado dizendo que alguns índios que trazia foram tomados dele por uma porção de outros índios, que o cercaram no caninho quando já vinham munidos com diferentes qualidades de armas, tentando contra sua vida.

No dia 6,chegaram a esta vila às 5 horas da tarde cerca de 20 índios (terenas) manietados, conduzidos, assim como um feixe de armas fulminantes, que também apreenderam uns 4 a 5 soldados entre os quais também foi Leonardo, que disse, não viera dos resistentes, mais  de um. Esta força foi munida de ordem do delegado delegado de polícia João Pacheco de Almeida, a quem o Rvm.diretor comunicou o sucesso, porém apresentados os ditos índios a este, depois de os ter repreendido pública,verbal e asperamente, os mandou por à disposição do dito delegado, que no dia seguinte mandou, sob sua direção, castigar alguns com 60, 80, 100 e mais pancadas com varas especiais sem que fossem alimpadas, de modo que, além do golpe, ainda faria os pacientes de cada vez com duas ou quatro farpas, que cada uma delas tinha. E isto teve lugar no pátio interno do quartel militar. 


FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1861.

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