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Tendo conseguido escapar do cativeiro no Paraguai a 25 de março, alcança a coluna brasileira em marcha para a fronteira, em 11 de abril de 1867, vários brasileiros que haviam sido aprisionados pelo exército de Lopes no início da guerra, entre eles um filho de José Francisco Lopes, o guia da coluna. Ao comandante, coronel Camisão, foi dito que "conseguiram apossar-se de bons cavalos paraguaios, e, como não se iludissem acerca do destino que os aguardava caso fossem novamente capturados, tinham se arriscado a caminhar à noite, e de mata em mata, fazendo contínuos rodeios, em direção à fronteira. Atingindo-a felizmente, atravessaram o Apa e depois, deixando à direita a estrada da colônia, subiram ao norte, em direção à estância do Jardim, de onde desceram ao nosso encontro".
O reencontro de pai e filho é registrado por Taunay:
Anunciou-se neste momento a volta do 17º batalhão que acompanhara o velho Lopes. Era geral o desejo de assistir ao primeiro encontro do pai e do primogênito que lhe voltava aos braços.
Passando pelos postos avançados soubera o nosso guia da grande notícia. Vinha pálido, lacrimejante, em direção ao filho que, respeitosamente, o esperava, descoberto. Não descavalgou; estendeu a dextra trêmula ao filho, que a beijou; depois o velho guia deu-lhe a bênção e passou sem palavra.
Foi uma cena patriarcal, e como seja o coração humano sempre sensível aos grandes lances, atônitos, olhávamos uns para os outros, como a indagar se não seria fraqueza entre soldados nem sempre poder conter as lágrimas.
Que emoção devia sentir o velho vendo o filho escapo ao inimigo! E quanta dor, ao pensar que os outros membros da família, ainda cativos, haviam perdido o mais valente defensor!
FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna (16a. edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 46.
FOTO: Tela de Ruy Martins Ferreira, alusiva ao encontro de pai e filho.
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