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Mostrando postagens de junho, 2019

Taunay em Campo Grande

Tendo deixado o porto Canuto, no rio Aquidauana, no  último dia 17 , de volta da retirada da Laguna, Taunay chega em 20 de junho de 1867, ao lugar já conhecido como Campo Grande, cujas coordenadas são as mesmas de onde hoje está localizada a vasta planície que começa em lugar que seria habitado a partir de 1872 e em 1977 se transformaria na capital do Mato Grosso do Sul. A descrição do cronista da guerra do Paraguai, começa no sítio de um dos únicos moradores de todas as redondezas, o mineiro Motta, nas imediações de Terenos: Tomando uma trilha à esquerda, dirigimo-nos à palhoça do Motta, situada a légua e quarto do nosso ponto de partida. O caminho é nesta parte péssimo; profundos atoleiros dificultam muito o trânsito, aumentando-se cada vez mais os embaraços da passagem pela frequência de carros e tropas que demandavam as forças. Acha-se o rancho do Motta situado numa planície acidentada, que belos grupos de buritis tornam realmente encantadora. A umidade exsuda de todos os po...

Adeus Aquidauana!

Homenagem a Taunay no quartel do exército em Aquidauana, inaugurada em 1923. Encerrada oficialmente a retirada da Laguna, o tenente Taunay, em 17 de junho de 1867, deixa o Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana com destino ao Rio de Janeiro: Parti do acampamento do Canuto, junto à margem esquerda do rio Aquidauana, às dez horas da manhã de 17 de junho de 1867. Para me servir de companheiro e vaqueano na transposição do despovoado e dilatadissimo planalto de Camapuã, comigo vinha o tenente do corpo policial de São Paulo, João do Prado Mineiro, e acompanhavam-nos o oficial mecânico Wandervoert, belga de nascimento, que acabara o seu tempo de contrato como contramestre das forças da artilharia  La Hitte  e na terrível retirada havia dado provas de não pouco valor, e mais três soldados de infantaria, além do meu camarada Jatobá, retinto e lustroso como jacarandá envernizado, beiçudo, metido a gaiato, bom diabo, embora bastante preguiçoso em mexer nos pousos o corpa...

Fim da jornada

Paisagem do rio Aquidauana em desenho de Taunay Depois de cinco dias de marcha, desde a saída em Nioaque, sempre fustigados pela cavalaria inimiga, os expedicionários brasileiros finalmente chegam à margem esquerda do rio Aquidauana, termo da retirada de Laguna, em 11 de junho de 1867. O momento é registrado por Taunay: A 11 chegamos ao porto do Canuto à margem esquerda do rio Aquidauana. Tal o último trecho de nossa penosa retirada. Ali findou o nosso doloroso itinerário que, como expiação de nossas temeridades, nos fizera curtir tantas misérias quantas pode o homem suportar sem sucumbir. No Canuto nos despojamos dos miseráveis andrajos que nos cobriam, libertando-nos, afinal, da mais horrível sevandija e dos parasitos do campo, que, perfurando a pele, nela produzem dolorosas úlceras. Oferecia-nos o rio magnífico ensejo para nossas abluções. Todas estas paragens podem ser chamadas: a terra das águas belas. Segundo ele, no dia da invasão do território paraguaio, “em abril de 1867,...

A travessia do Taquaruçu

Rio Taquaruçu, a última travessia dos retirantes da Laguna (no destaque) Deixando Nioaque no dia  5 de junho , os expedicionários, sob o comando do major José Tomás Gonçalves, a 6 acampam à margem do ribeirão Areias; a 7, ganham o rumo do Taquaruçu, que estava transbordando. A 9, vadeiam o Taquaruçu, última travessia fluvial antes do fim da viagem. Relendo Taunay, Acyr Vaz Guimarães detalha: A natureza... sim a natureza parecia vedar-lhes o caminho; junho não é um mês chuvoso e os rios deveriam estar, em anos de chuvas normais, com pouca água. Mas o Taquaruçu rolava bravio, espumante, inundando margens... Fez-se acampamento esperando vazar todo aquele caudal avermelhado, que trazia terra da serra de Maracaju, onde brotam seus primeiros filetes. Já havia mais sossego e os sentinelas mais tranqüilos não tinham sinais da presença ameaçadora dos paraguaios. Afinal, a tropa acampada à margem do Taquaruçu ouviu, não muito longe, os clarins e tambores paraguaios que soavam com s...

Fim da perseguição

Cerrado, cenário típico da retirada na Laguna no Sul de Mato Grosso No encalço da força brasileira desde a fazenda Laguna, no Paraguai, os cavalarianos inimigos, finalmente encerram em 8 de junho de 1867, sua implacável perseguição. O almejado momento é anotado pelo tenente Taunay, o atento escriba da retirada: À medida que percorríamos estes terrenos a nós familiares e aos paraguaios menos conhecidos, cada vez mais frouxa e inofensiva se tornava a perseguição, embora não houvesse inteiramente cessado. Fizemos neste dia ponto junto a um lindo ribeirão chamado Areias. No dia seguinte, 7, quase vencemos as quatro léguas que medeiam deste ponto ao rio Taquaruçu. Atingimo-lo a 8 e, como a alturas das águas não nos permitisse vadeá-lo, acampamos à sua margem. Noite para nós memorável, esta! Foi aí que os paraguaios, avistados à alguma distância, se decidiram, enfim, a desaparecer. Deles próprios partiu o aviso da retirada, com uma fanfarra prolongada de clarins que tal sinal deu, m...

Retirantes deixam Nioaque

Capitão Pedro Rufino, comandante do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo Tendo chegado à devastada Nioaque no último dia 3, à frente o major José Tomás Gonçalves, deixa o povoado no dia 5 de junho de 1867, a força brasileira que se retira da fronteira com destino ao porto Canuto à margem esquerda do rio Aquidauana, termo da célebre retirada da Laguna. Taunay registra:  A 5, entretanto, ao raiar do dia, saímos da infeliz Nioac, afinal aniquilada com a sua igreja. Seguíamos a estrada do Aquidauana e marchávamos penalizados sob a impressão do funesto sucesso da véspera. A todas as viscissitudes atravessadas viera ajuntar-se a angústia da véspera. Já era muito porém, era legítimo triunfo estarmos de pé e ter dominado o inimigo tão perfidamente encarniçado em nos arruinar. Foi o Urumbeva facilmente transposto. À margem direita se nos depararam destroços de carretas que os paraguaios acabavam de queimar, muitos víveres e objetos de apetrechamento espalhados e todos sujos de terra com...

Retirantes em Nioaque devastada

Homenagem a Taunay, em Nioaque A força expedicionária brasileira, em  retirada da fazenda Laguna , no norte do Paraguai, chega finalmente a Nioaque, em 3 de junho de 1867. O povoado havia sido abandonado dois dias antes pela defesa brasileira, receosa de um ataque inimigo e ocupada pela cavalaria paraguaia, que durante toda a marcha, vanguardeou os retirantes: Esta bonita povoação, abandonada, ocupada e pela segunda vez, desde o início da guerra, devastada, convertera-se num montão de destroços fumegantes. O grande galpão que outrora nos servira de armazém de mantimentos e ainda achamos de pé, sobre os esteios incendiados, mostrava renques de sacos que nossa gente, sem dúvida, não tivera tempo de carregar e já serviam de pasto ao incêndio. O arroz e a farinha carbonizados, exteriormente; o sal, gênero esse tão escasso e precioso no interior do país, negrejara e fundia sob as nossas vistas. Aqui e acolá jaziam muitos cadáveres, todos de brasileiros. Constatamos que muitos desse...